Ela foi assassinada no dia 12 de agosto de 1983, atingida no rosto por um tiro proveniente de uma escopeta calibre 12. O presidente da CONTAR, Gabriel Bezerra, lembra a liderança sindical, que tornou-se símbolo da luta da categoria: “Margarida nos inspira para continuidade da luta. São quase quarenta anos do seu martírio, que resultou em várias “margaridas” que brotaram no Brasil e reforçaram a luta por direitos no campo”. Para Gabriel, a Marcha das Margaridas é o maior símbolo que a luta vale muito. “Margarida foi assassinada, porque defendia os direitos trabalhistas dos assalariados e assalariadas rurais, na década de 80, no século passado. Esta foi a motivação real do crime”, afirma Gabriel Bezerra.
O grupo político-econômico da época, que comandava o ciclo da cana-de-açúcar e o latifúndio no estado da Paraíba, era denominado “Grupo da Várzea” – que até hoje tem políticos membros na agremiação “CENTRÃO” – que dá sustentação ao governo Bolsonaro. O referido grupo organizou, segundo as denúncias, planejou e executou a morte de Margarida Maria Alves.
Como foi o martírio de Margarida?
No momento do disparo, ela estava em frente a sua casa, na companhia do marido e de seu filho. Ao que tudo indica Margarida foi morta por um matador de aluguel e o crime foi cometido por viés político.
Após 39 anos, o crime, que teve repercussão internacional com denúncia encaminhada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), não teve nenhum acusado responsabilizado pela morte da sindicalista. O acusado de mandar executar Margarida, não foi preso – Aguinaldo Veloso Borges, e um executor do crime foi liberado pela justiça.
O legado de Margarida Alves cresce cada dia mais, pois é motivo de inspiração para milhares de mulheres mundo a fora; mulheres que, assim como Margarida, ousam lutar contra todas as formas de opressões e injustiças – que perpassam as esferas trabalhistas e provenientes da violência de gênero, seja física, sexual, psicológica, patrimonial ou moral.
Mulher, mãe, trabalhadora, sindicalista e defensora dos direitos dos pobres e oprimidos, Margarida nasceu em Alagoa Grande/PB, e foi a primeira mulher a exercer um cargo de direção sindical no país. “É uma orgulho e inspiração para nossa luta e organização”, afirma Maria Helena.
Marcha das Margaridas
As entidades sindicais dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no Brasil, realizam, desde o ano 2000, a MARCHA DAS MARGARIDAS. Na sua primeira edição, mais de 20 mil mulheres participaram da manifestação em Brasília. Na pauta das Marchas realizadas, estão: o direito à terra, à água, à agroecologia, educação, saúde, e contra todo tipo de violência, que está cada vez mais forte no país. A CONTAG é a protagonista da Marcha, que acontece a cada cinco anos, e a CONTAR participa efetivamente da mobilização da Marcha.
Informações: COLETIVO MARGARIDA MARIA ALVES
Texto: CONTAR
Foto Arquivo: José Arimatéia